A objetificação das mulheres é uma questão complexa que envolve fatores sociais e culturais. O tópico, tem sido muito discutido em diferentes níveis, desde a escola até as redes sociais. Embora homens e mulheres possam ser objetificados, é provável que as mulheres sejam vistas como partes do que como um todo. Conforme o artigo, ‘Our Brains See Men as Whole and Women as Parts‘ de Pappas (2012), nossos cérebros tendem a captar imagens de mulheres de maneira diferente dos homens.
Segundo o artigo, as mulheres são reduzidas a partes do corpo. As pessoas, principalmente os homens, dão zoom em partes específicas do corpo feminino, como seios ou nádegas. Independentemente de quão atraente ou não atraente uma mulher possa ser, suas partes individuais do corpo sempre serão discernidas. Embora os homens estejam focando nas partes sexuais do corpo das mulheres, as mulheres também veem outras mulheres como partes. A comparação em mulheres é mais prevalente. As mulheres normalmente examinam as partes de outras mulheres, o que pode ser prejudicial à saúde mental, levando à vergonha, mau-humor ou distúrbios alimentares.
Conquanto seja verdade que as mulheres podem contribuir para a objetificação de outras mulheres, algumas pessoas argumentam que é importante entender que esse comportamento precisa ser visto pelas lentes da sociedade. Em outras palavras, algumas pessoas defendem que a objetificação das mulheres pelas mulheres é muitas vezes resultado de normas e expectativas sociais arraigadas, e não de um esforço deliberado para desvalorizar as mulheres. Essas mensagens são geralmente reforçadas pela mídia, publicidade e cultura popular, o que pode levar as mulheres a se avaliarem a si mesmas e aos outros com base na aparência física e no apelo sexual.
Um contexto onde podemos ver o escrutínio das partes do corpo feminino são as plataformas de mídia social, que muitas vezes priorizam e amplificam imagens e conteúdos relacionados à aparência física. Há um forte foco em retratar uma versão idealizada da beleza, o que pode levar a comparações e sentimentos de inadequação entre os usuários, principalmente as mulheres. A exposição constante as imagens cuidadosamente selecionadas e filtradas pode criar padrões irrealistas de beleza e reforçar a objetificação das mulheres com base em seus atributos físicos.
Quer a objetificação das mulheres esteja arraigada em nossos cérebros ou alimentada socialmente, a mídia social exacerbou a objetificação das partes femininas. O Instagram, uma das maiores plataformas de mídia social, está cheio de garotas compartilhando suas bundas nuas no Instagram. As pessoas são obcecadas em realçar partes do corpo para aumentar seu apelo sexual.
De acordo com diferentes fontes de notícias, Brazilian Butt Lifts (BLLs) estão mais populares do que nunca. No entanto, este procedimento cosmético também se tornou o mais perigoso. No documentário “You’ll Be Happier” (2023), de um membro da redação da The New Yorker, discute-se como o processo de cicatrização de BLL é extremamente doloroso e pode levar meses para recuperação. Além disso, se os lipídios forem injetados na corrente sanguínea e empurrados para o coração ou pulmões, isso pode resultar em morte.
Embora as BLLs possam ser extremamente perigosas, as mulheres estão dispostas a correr o risco. No início do referido documentário, podemos ouvir uma mulher dizer: “Quero gostar mais de mim… mais do que já gosto de mim”. Ela continua. “Porque eu absolutamente me amo. Mas eu só quero. . . mais”, esta afirmação mostra como as mulheres constantemente avaliam seu valor com base em suas partes do corpo, tentando manter um padrão específico de beleza e autocrítica se sentirem que não atendem a esses padrões.
A valorização dos atributos físicos parece estar correlacionada com a necessidade de ser visto, mas ser visto não implica ser visto na totalidade, implica ser visto como partes. Essa ênfase no aprimoramento de “partes” é prejudicial à saúde mental, pois você está constantemente tentando aumentar seu valor social com base na aparência de seu corpo, e não em quem você é como um ser humano completo.
A relação entre aparência e saúde mental é complexa e multifacetada. Embora não haja ligação causal direta entre os dois, pode haver várias maneiras pelas quais a aparência pode afetar o bem-estar mental de um indivíduo. As preocupações com a aparência (por exemplo, quão grande ou pequeno é o meu traseiro) podem contribuir para sentimentos de ansiedade ou depressão. Algumas mulheres podem sentir ansiedade social, temendo julgamento ou crítica de outras pessoas com base em sua aparência física.
As mulheres, como os homens, não são imunes a preconceitos e expectativas sociais internalizantes. As mulheres podem adotar uma atitude crítica e crítica em relação a si mesmas e a outras mulheres, perpetuando o ciclo de competição. Algumas mulheres se envolvem em competições com base na aparência para obter validação e aceitação externa, bem como para aumentar a autoestima. No entanto, essa competição costuma ser alimentada pela insegurança, levando a problemas de saúde mental, como tristeza e baixa autoestima.
A objetificação das partes do corpo da mulher é sem dúvida uma questão complexa. A partir de estudos, é comprovado que nosso cérebro não processa imagens de homens e mulheres da mesma forma. Socialmente, a objetificação é fortemente alimentada por diferentes meios, sendo a mídia social a principal. No entanto, é importante lembrar que a objetificação da mulher, por mulheres, tem consequências mais prejudiciais para as mulheres. As mulheres são os principais atores que se envolvem em comportamentos negativos que priorizam a aparência sobre outros aspectos de seu próprio bem-estar.
Referências
- https://www.newyorker.com/video/watch/youll-be-happier-the-story-of-a-butt-lift
- Pappas, S. (2012). Our brains see men as whole and women as parts. Scientific American. Retrieved from http://www. scientificamerican. com/article. cfm.